Crônica


Há muitos anos, quando morava em Santo André, era domingo  meu marido e eu resolvemos passar o dia na praia. Pedi a ele que deixasse  levar minha amiga Beth. Ela media um metro e oitenta e dois e eu um metro e cinquenta e sete, ele não se incomodou e partirmos rumo a Praia Grande.
Tínhamos na época um carro importado conversível de capota que comportava apenas duas pessoas, portanto ela sentou atrás e abrimos a capota para que ela pudesse passear conosco.
Estávamos descendo a serra, nós duas já com seus biquines e as saidas de banho, quando de repente dois guardas rodoviários, que por sinal, muito lindos, nos parou e perguntou ao meu marido: cadê a placa da frente do carro? ele respondeu que ela estava por cair, então, retirou-a e colocou no porta malas. O guarda foi conferir. Era verídico, mas o guarda não deu moleza e disse ao meu querido: dê um jeito de amarrá-la no carro, do contrário, além de multá-lo o carro será guinchado.
Então, ele subiu a encosta da pista à procura de algo que servisse para amarrar a chapa no carro, deixando-nos dentro do carro a mercê daqueles dois lindos policias. Foi aí que pensei: não vai demorar muito tempo eles irão fazer algumas gracinhas conosco e comecei a tagarelar tanto que os deixei pasmados e calados. Nisso, meu marido chegou com algo e foi prender a chapa do carro. Os guardas então nos liberaram e de longe nós sorrimos e abanamos as mãos para eles. Eu não dei tempo nem deles  pensarem em uma cantada, pois éramos jovens muito bonitas.
Afinal, chegamos à praia. Eu adoro o mar, mas sempre tive medo das suas ondas, portanto eu fiquei na beira da praia brincando com as crianças, quando me dei por conta...cadê a Beth? Olhei para o mar e vi só sua cabecinha fora d'água e gritei: volta Beth, você não sabe nadar e ela gritou: eu não sou nanica como você.
De repente surgiu uma onda muito grande e não vi mais minha amiga, comecei a gritar e chorar. Nisso virei o meu olhar para o outro lado da praia e vi um crioulo enorme puxando a minha amiga. Por sorte ela não morreu, pois quando a onda chegou ela se agarrou no crioulo e só sentiu uma pancada na cabeça. Era necessário ele fazer isso, do contrário morreriam os dois afogados. Fiquei agradecida a ele e num piscar de olhos ele sumiu.
De volta para a nossa cidade Beth me confessou que tinha aversão a negros e que daquele dia em diante ela iria enaltecê-los. Pudera, se não fosse esse crioulo ela estaria morta.
Beth nunca viveu bem com o marido e não demorou muito tempo eles se separaram, ela mudou para um outro bairro e quase não nos víamos mais. Era a minha melhor amiga, só tinha um defeito; não sei se por desilusão, bebia muito.
Passado alguns anos encontrei-a de braços dados com um lindo crioulo e antes que eu dissesse alguma coisa me apresentou: esse é meu novo companheiro.
Amei a escolha.

Há muitos anos, quando morava em Santo André, era domingo  meu marido e eu resolvemos passar o dia na praia. Pedi a ele que deixasse  levar minha amiga Beth. Ela media um metro e oitenta e dois e eu um metro e cinquenta e sete, ele não se incomodou e partirmos rumo a Praia Grande.
Tínhamos na época um carro importado conversível de capota que comportava apenas duas pessoas, portanto ela sentou atrás e abrimos a capota para que ela pudesse passear conosco.
Estávamos descendo a serra, nós duas já com seus biquines e as saidas de banho, quando de repente dois guardas rodoviários, que por sinal, muito lindos, nos parou e perguntou ao meu marido: cadê a placa da frente do carro? ele respondeu que ela estava por cair, então, retirou-a e colocou no porta malas. O guarda foi conferir. Era verídico, mas o guarda não deu moleza e disse ao meu querido: dê um jeito de amarrá-la no carro, do contrário, além de multá-lo o carro será guinchado.
Então, ele subiu a encosta da pista à procura de algo que servisse para amarrar a chapa no carro, deixando-nos dentro do carro a mercê daqueles dois lindos policias. Foi aí que pensei: não vai demorar muito tempo eles irão fazer algumas gracinhas conosco e comecei a tagarelar tanto que os deixei pasmados e calados. Nisso, meu marido chegou com algo e foi prender a chapa do carro. Os guardas então nos liberaram e de longe nós sorrimos e abanamos as mãos para eles. Eu não dei tempo nem deles  pensarem em uma cantada, pois éramos jovens muito bonitas.
Afinal, chegamos à praia. Eu adoro o mar, mas sempre tive medo das suas ondas, portanto eu fiquei na beira da praia brincando com as crianças, quando me dei por conta...cadê a Beth? Olhei para o mar e vi só sua cabecinha fora d'água e gritei: volta Beth, você não sabe nadar e ela gritou: eu não sou nanica como você.
De repente surgiu uma onda muito grande e não vi mais minha amiga, comecei a gritar e chorar. Nisso virei o meu olhar para o outro lado da praia e vi um crioulo enorme puxando a minha amiga. Por sorte ela não morreu, pois quando a onda chegou ela se agarrou no crioulo e só sentiu uma pancada na cabeça. Era necessário ele fazer isso, do contrário morreriam os dois afogados. Fiquei agradecida a ele e num piscar de olhos ele sumiu.
De volta para a nossa cidade Beth me confessou que tinha aversão a negros e que daquele dia em diante ela iria enaltecê-los. Pudera, se não fosse esse crioulo ela estaria morta.
Beth nunca viveu bem com o marido e não demorou muito tempo eles se separaram, ela mudou para um outro bairro e quase não nos víamos mais. Era a minha melhor amiga, só tinha um defeito; não sei se por desilusão, bebia muito.
Passado alguns anos encontrei-a de braços dados com um lindo crioulo e antes que eu dissesse alguma coisa me apresentou: esse é meu novo companheiro.
Amei a escolha.